Uma delegação de moradores da Ramalha esteve presente na Reunião da Assembleia Municipal (AM) realizada no dia 17 de Dezembro de 2007.
Dois moradores intervieram no "período destinado ao público" questionando o Presidente da Assembleia Municipal e a Presidente da Câmara, respectivamente sobre o não cumprimento da Deliberação da AM de 10MARÇO2004 e o não acatamento da decisão do Governo que fixou o traçado do MST no Triângulo da Ramalha (Despacho 06.07/05SET de 22JUL2005 da Secretária de Estado dos Transportes).

Publica-se a intervenção do morador da R. Lopes de Mendonça, Eurico Marques :
Sr Presidente da Assembleia Municipal
Srª Presidente da Câmara Municipal de Almada
Srs Deputados Municipais
Senhoras e Senhores Munícipes
A Rua José Justino Lopes está destruída por opção da Câmara Municipal de Almada. Seguir-se-á de acordo com o programa da Câmara, a R. Lopes de Mendonça.
O que ali está sendo levado a cabo e na área envolvente, com o patrocínio da CMA, é uma aberração urbanística onde a via rodoviária dá lugar a duas linhas férreas.
Os moradores foram roubados do seu espaço público, as suas propriedades foram agredidas e estão a ser muito gravemente prejudicados nas suas acessibilidades e mobilidade.
Há três anos um morador da Ramalha disse na presença da Srª Presidente que o projecto do MST para Almada era um embuste.
O futuro deu razão a esse morador.
Os moradores da Ramalha foram enganados ao acreditarem que a senhora Presidente exigindo uma decisão ao Governo, o dono da obra, sobre o traçado do MST no Triângulo da Ramalha, respeitaria essa decisão.
Nunca pensaram, que para si Srª Presidente, a democracia e o respeito por compromissos publicamente assumidos sejam elementos descartáveis em qualquer momento, desde que as decisões tomadas se oponham a seus critérios.
Nunca pensaram que a Srª tivesse tão pouco respeito pela qualidade de vida de seres humanos.
Assistimos neste dois últimos anos a falsas e torpes informações, sem justificação racional face aos compromissos assumidos por parte da Srª Presidente e do Sr. Presidente da AM, relativamente à decisão do Governo e sobre a interpretação da Deliberação de 10MARÇO2004 da Assembleia Municipal, a ponto de ignorarem publicamente a existência dessa decisão.
A responsabilidade da passagem do MST pelas ruas Lopes de Mendonça e José Justino Lopes cabe à Srª Presidente da Câmara Municipal de Almada, porque foi por sua imposição, com todos os custos inerentes,
-quer económicos, porque esta solução é mais cara,
-quer em impacte ambiental,
-quer em piores dificuldades de acessibilidades e mobilidade,
-quer em efeitos negativos na qualidade de vida dos residentes.
Viver democraticamente só é possível com quem aceita a democracia, o funcionamento das regras democráticas e é capaz de ter suficiente humildade para reconhecer erros e corrigi-los.
Quem tem estas qualidades não toma atitudes autoritárias, não esquece compromissos assumidos publicamente, nem prejudica cidadãos.
Sr. Presidente da Assembleia Municipal
Srª Presidente da Câmara Municipal de Almada
A inauguração no passado dia 15 do novo trajecto deste comboio da desgraça dos moradores, não passou sem protesto de cidadãos na Ramalha. O comboio da comitiva foi obrigado a parar por uma senhora se ter colocado no meio da linha em protesto, impedindo a circulação.
O Jornal de Notícias referiu o facto, mas as Televisões nada mostraram.
O vosso comboio maravilha não é futuro. É factor de perda de qualidade de vida dos moradores.
Uma vez que o defendem com tanto egoísmo e desprezo pelos residentes, convido-os a comprarem já, um andar na R. D. José de Alarcão, ou na Justino Lopes para viverem mais saudavelmente com o ruído contínuo provocado pela circulação dos comboios na zona e talvez então comecem a perceber que os seres humanos da Ramalha não são seres vivos descartáveis.
Eurico Marques
Almada 17-12-2007